sexta-feira, 19 de março de 2010

Achei no blog da Paloma...

Era uma vez uma mulher que viveu sua infância naquela época em que os pais de classe média, considerando os animais como coisas, ofereciam pintinhos como lembranças em festas de aniversário. Assim, cada vez que uma de suas amiguinhas comemorava mais uma primavera, ela voltava pra casa com a difícil tarefa de cuidar bem do pinto. O diabo é que ele parecia destinado ao isolamento, acabava ficando numa caixa de papelão no quartinho da empregada ou na área de serviço. E a menina, boazinha como lhe tinham ensinado desde pequena a ser, brincava com ele todos os dias. E alguns dias, mais de uma vez. Fazia carinho, dava tapinhas na cabeça e até beijinhos. Só que para seu desencanto os pintos, frágeis, acabavam sempre morrendo, nunca chegavam ao estatuto de frangos. Com o tempo, a menina foi ficando cansada de tanto luto, chegou até a pensar em si mesma como uma malvada assassina compulsiva. Sua vontade era não mais ir a festas, não mais cuidar de pintos, mas seus pais sempre insistiam. Vamos filhinha! Esse aí vai crescer forte e virar até galo de briga. Era o que diziam na tentativa de mantê-la na impossível missão de criar os pobrezinhos. Depois de tantas decepções, só lhe restou enfim apelar ao divino. E desde então, a menina, hoje mulher, faz todas as noites silenciosamente seu pedido: papai do céu, pelo amor de deus, da próxima vez me manda um pinto forte, feliz, que sobreviva às minhas brincadeiras e vire um frango bem bonito!

Um comentário:

  1. Oi obrigada pela visita...
    Para participar é só seguir as instruções de lá.
    QQ coisa me deixe um recado referente a postagem.

    Beijos

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